A gestão financeira de uma loja de automóveis é um dos grandes desafios para a longevidade do negócio em um setor que apresenta alta taxa anual de falência. Falhas na administração do fluxo de caixa são comuns e levam à perda de controle sobre a receita, além de invisibilizar oportunidades de investimento em melhorias que farão a empresa crescer.
Afinal, um fluxo de caixa em lojas de veículos precisa ser criterioso e constante, pois entrega os dados necessários para entender se as estratégias aplicadas estão realmente funcionando. Não adianta atingir metas de vendas se o caixa estiver sempre negativo. O empreendedor precisa ter em vista que o aumento das vendas nem sempre é sinônimo de saúde financeira, uma vez que é possível vender muito e ter uma margem de lucro baixa, assim como há cenários em que as vendas são baixas, mas o lucro é alto.
O que é fluxo de caixa?
O fluxo de caixa é a atividade de monitorar as entradas e saídas da empresa, ou seja, são computados todos os gastos (absolutamente todos) relacionados à loja de automóveis, bem como todo o dinheiro que entra, por meio de vendas de veículos ou serviços.
Se o montante em dinheiro que entra for maior que o dinheiro que sai, o caixa está positivo e essa diferença condiz com a margem de lucro em determinado período. Agora, se os gastos são superiores aos ganhos, isso significa que o caixa está negativo e que o negócio não está sendo eficiente em gerar lucro.
Assim, a saúde financeira da loja depende da criação da cultura de um fluxo de caixa simples, que registre os dados do período e forneça informações sobre o desempenho das estratégias com base no objetivo principal de qualquer empresa: a lucratividade.
Fluxo de caixa: como fazer e princípios mínimos
O melhor caminho para o fluxo de caixa em lojas de automóveis é fazer a contabilidade diária, isso porque os valores que envolvem compra e venda de veículos são altos e não se deve correr o risco de perder as contas. Além disso, criar a cultura de realizar a atividade cotidianamente garante que se mantenha a constância do registro e da análise desses números. Confira a seguir as diretrizes básicas de um fluxo de caixa em negócios do setor automotivo:
1. Periodicidade é a chave!
Se não compensar fazer um fluxo de caixa diário, é importante que se defina um período específico (uma vez por semana ou a cada quinze dias). Com isso, os dados registrados têm correspondência entre si e é possível realizar análises periódicas sobre as perdas e os ganhos da empresa.
2. Não gaste mais do que ganha
O acompanhamento do fluxo de caixa permite entender quanto entra, quanto sai e qual é o valor que se tem livre para repor o estoque ou investir em novas estratégias. Nesse sentido, é primordial que os investimentos saiam sempre da margem de lucro. Afinal, não faz sentido tirar dinheiro de um caixa que já está negativado, pois o problema só aumentaria.
Como dica extra neste assunto, vale destacar que se deve considerar nos planejamentos apenas o dinheiro que já está disponível, contar com quantias que ainda não chegaram é correr um risco desnecessário.
3. Organize as informações de maneira visual e por categorias
Cada um no seu quadrado. Para fazer o fluxo de caixa é importante registrar para onde foi cada um dos gastos, organizando as saídas por categorias de despesas fixas e de despesas pontuais, como:
- gastos com funcionários: por cada funcionário e total;
- gastos de infraestrutura: água, luz, internet, telefone, aluguel, reformas e melhorias;
- gastos com fornecedores: detalhamento dos fornecedores e produtos;
- gastos extras: intercorrências e emergências (sempre registrando datas e o motivo).
Para o registro das entradas, a mesma coisa: quais produtos ou serviços saíram, qual o valor de entrada de cada um, quais funcionários efetuaram as vendas, qual o montante de vendas de cada um.
4. Analise os dados mensalmente
Realizando adequadamente os registros do fluxo de caixa da loja de automóveis, tem-se os dados necessários para avaliar o desempenho financeiro da empresa, respondendo a perguntas como:
- quais veículos vendem mais?
- quais veículos geram mais lucro?
- qual foi a lucratividade no período em que foi oferecida determinada promoção?
- qual a vantagem de valores promocionais diante de valores integrais?
- qual vendedor gerou mais lucro?
- qual gasto fixo pode representar desperdícios que são possíveis de suprimir?
Diante dessas e de outras análises a partir dos dados financeiros da empresa, é possível criar estratégias para implementar melhorias, diminuindo gastos e aumentando os lucros. Entender qual vendedor gera mais lucro, por exemplo, permite organizar um treinamento de equipe para melhorar o desempenho dos outros vendedores. Assim como compreender a performance das promoções demonstra se aquela estratégia realmente funciona. Enfim, o fluxo de caixa oferece os dados não somente da saúde financeira do negócio, mas das possibilidades de correção de erros e implementação de ações que acelerem o crescimento da loja.
5. Conte com a tecnologia como aliada
Nada de realizar os registros em papel ou em cadernos. É essencial guardar as notas fiscais e outros documentos impressos, mas o fluxo de caixa precisa ser feito em ferramentas digitais. Uma planilha do excel simples já dá conta do recado, sendo possível não apenas organizar os dados corretamente, mas também fazer somas, gráficos para comparações periódicas, entre outros recursos que o programa possui.
Para isso, é preciso algum conhecimento sobre o uso dessas ferramentas. Vale lembrar que há outras plataformas que fazem um registro ainda mais sofisticado e automatizado, facilitando o dia a dia.
Ter esses registros por um longo prazo ajuda na gestão interna e entrega informações sobre o crescimento da loja a partir de estratégias que podem ser usadas no momento de negociar com fornecedores ou de solicitar crédito para as financiadoras.
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