De janeiro a março de cada ano é período de pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o que coincide com uma época de alta de vendas de carros seminovos.
A dúvida que sempre fica no momento de repassar um automóvel é: devo pagar o IPVA antes de vender ou a taxa fica a cargo do novo proprietário? Há alguns detalhes a se levar em conta para tomar essa decisão, mas é importante adiantar que os compradores dão preferência para carros com o imposto do ano quitado, de maneira que pagar o IPVA de carro antes da venda aumenta a credibilidade da negociação.
O que consta na legislação?
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) separa a venda de veículo em duas categorias: a venda civil, quando o carro é passado do antigo dono ao novo; e a venda administrativa, quando todos os trâmites burocráticos de transferência de propriedade são efetuados.
Assim, o vendedor tem até 30 dias após a venda civil para formalizar a venda frente ao DETRAN e expedir a declaração devidamente assinada com autenticação em cartório. Nesse período, ocorre o que é conhecido como responsabilidade solidária, ou seja, o antigo proprietário tem dever sobre as penalidades administrativas que vierem a incidir sobre o veículo ainda registrado em seu nome.
No entanto, isso abrange apenas as infrações de trânsito, de maneira que a lei não responsabiliza o vendedor pelo pagamento do IPVA, que fica a cargo do novo proprietário como contribuinte, mesmo que este ainda não tenha formalizado o Certificado de Registro de Veículo (CRV) em seu nome.
Legalmente, o vendedor só tem responsabilidade pelo IPVA do ano que se inicia caso não tenha comunicado a venda ao órgão de trânsito do município. De fato, sendo o imposto aplicado para o uso do veículo durante os doze meses seguintes, a responsabilidade pelo pagamento fica a cargo do novo dono.
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IPVA 2023 e as melhores negociações de venda de carros

A venda de um seminovo com o IPVA de carro em aberto pode resultar em dificuldades burocráticas para a transferência formal de propriedade. Isso porque, em muitos casos, a transferência da documentação para o novo dono só pode ser concretizada se todos os débitos do veículo estiverem quitados, incluindo o IPVA, o DPVAT e multas.
Contudo, o ano começou com uma novidade para concessionárias e revendedoras do estado de São Paulo: em janeiro, o governador assinou um decreto que autoriza a transferência de propriedade mesmo com parcelas do IPVA 2023 em aberto.
A iniciativa visa desburocratizar os processos de venda de seminovos, facilitar os trâmites pós-venda e estimular a comercialização de veículos no estado, impulsionando um setor importante para a economia e que tem grande movimentação nos primeiros meses do ano.
Uma das grandes fontes de arrecadação do estado, o IPVA é, na prática, de responsabilidade do comprador, de maneira que ofertar o veículo com a taxa quitada é uma estratégia de negociação que pode se tornar o incentivo que faltava para o potencial cliente se convencer da compra.
Como funciona o IPVA de carro no momento da venda?
Esse imposto sobre o carro usado deve ser pago em uma rede bancária autorizada, podendo ser quitado em pagamento único, com 3% de desconto sobre o valor total, ou em parcelas. Há também a opção de pagamento com cartão de crédito.
A taxa é recolhida pela Secretaria da Fazenda, tendo 20% da quantia destinada para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Do restante, 50% vai para o estado e a outra metade para o município em que o veículo está registrado, fundos que são repassados para as áreas de saúde, educação, segurança pública e infraestrutura.
Cabe às partes envolvidas na negociação de compra e venda definir quem deve pagar pelo tributo, de maneira que nada impede que a concessionária ou revendedora entregue o carro com o IPVA quitado. É possível embutir a taxa no preço do veículo, encorajando o comprador, que terá as seguintes vantagens:
- maior facilidade em realizar o novo licenciamento;
- economia de uma etapa do processo de transferência;
- poder rodar com o automóvel imediatamente sem se preocupar com essa pendência.
Pelo menos metade dos consumidores prefere comprar um carro com o IPVA do ano corrente já pago, o que significa que o vendedor que apresenta essa vantagem sai na frente na negociação.
O valor do IPVA de carro é calculado com base no preço tabelado do veículo, de modo que ofertar um bem conservado, com todas as especificações de fábrica e com o imposto já quitado valoriza o produto e a venda, sendo um diferencial do vendedor.
Caso haja necessidade de repassar o automóvel com a taxa em aberto, é interessante oferecer ao comprador um desconto equivalente a pelo menos uma parcela do imposto devido, como uma maneira de melhorar a negociação.
O importante é flexibilizar a transação para não perder a oportunidade de venda e evitar manter o veículo parado por mais tempo. Assim, apesar de legalmente o imposto ser de responsabilidade do novo proprietário (com raras exceções, a depender da lei estadual), oferecer opções de negociação da taxa ou mesmo vender o veículo com o IPVA quitado é uma estratégia de venda aconselhável.