Que as oscilações da economia têm impacto direto na vida de todos os brasileiros você já sabe, não é mesmo? Mas, qual é a relação entre inflação e mercado automotivo, e como isso pode afetar as vendas de veículos?
Para responder a essas e outras perguntas de quem trabalha com a venda de carros, elaboramos este artigo com dados sobre inflação, o aumento dos preços e quais as perspectivas do mercado. Confira abaixo.
O que é inflação?
Esse é o nome usado para caracterizar o aumento constante do preço final de produtos, insumos e serviços. O cálculo é feito utilizando alguns índices de preços, como o IPCA (Ýndice de Preços ao Consumidor) e o INPC (Ýndice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) que são apurados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O panorama da inflação no Brasil hoje
Quem tem acima de 40 anos está revivendo a experiência da inflação. Essa era a triste realidade do cenário econômico brasileiro até o início de 1994, período em que o índice chegava a assustadores 40% ao mês, cerca de 3.000% ao ano!
Em julho desse mesmo ano foi instituído o Plano Real, que trouxe a moeda nacional para o patamar do Dólar e conseguiu mantê-la relativamente estável por cerca de 20 anos.
Claro que não estamos nem perto desse índice, mas, nos últimos anos, o aumento de preços passou a refletir uma retomada do processo inflacionário, retração da economia; e aumento das taxas de juros no ano passado, na tentativa de conter a inflação.
A meta do governo para 2021 era de 3,75% ao ano, mas o período acabou fechando com um acumulado de 10,06% (IPCA). Isso se refletiu em todos os segmentos da economia, inclusive no aumento dos preços dos carros, que correspondem sozinhos por cerca de 5% do cálculo do IPCA.
Por que é importante se preocupar com a inflação?
A resposta é simples: porque ela interfere diretamente no poder de compra das pessoas. Quanto maior é o índice, menos nosso no dinheiro vale. A taxa de juros (Selic) precisa subir para controlar a situação, os financiamentos ficam mais caros, e tudo isso prejudica a compra de bens.
Para se ter uma ideia, a taxa Selic baixa e a alta constante dos preços levaram a poupança a ter rentabilidade negativa no ano passado. Até o mês de outubro ela já acumulava -7,35%, o que significa que o dinheiro perde valor, mesmo que esteja aplicado em um investimento.
Para contornar a situação, o Banco Central precisa aumentar a Selic, com o objetivo de reduzir o consumo e estimular os investimentos na poupança ou em outros ativos de renda fixa, o que afeta de forma direta a liberação de crédito no mercado.
Foi exatamente o que o BC fez nos últimos 14 meses. A taxa de juros começou o ano de 2021 a 2% e foi subindo ao longo de 2021. Hoje ela já está em 10,75% (fevereiro de 2022), com a promessa de subir ainda mais.
Veja a relação entre inflação e mercado automotivo
A pandemia da Covid-19 trouxe mudanças no comportamento do consumidor de automóveis. Também houve um grande aumento dos preços dos veículos, tanto novos quanto usados. Umas das explicações é a alta do Dólar, pois a moeda tem impacto direto na indústria automobilística, que utiliza uma grande quantidade de componentes importados em sua produção.
Mas há outros aspectos tão importantes quanto, como a redução da atividade industrial e o aumento da procura por automóveis nos primeiros meses da pandemia. Muitas empresas de vários segmentos, ao redor do mundo, pararam suas linhas de produção, o que tornou a oferta de componentes escassa.
De acordo com matéria do jornal eletrônico Valor Econômico, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) afirma que as concessionárias costumavam manter em estoque um número de carros correspondente a 1 mês de vendas, sendo que hoje em dia equivale a apenas 11 dias.
Em contrapartida, o distanciamento social estimulou a compra de carro como uma alternativa ao transporte público. O aumento da demanda e a escassez de produtos são a combinação perfeita para o aumento de preços, afetando diretamente a relação entre inflação e o mercado automotivo.
Comportamento do consumidor antes e depois desse cenário
Outro aspecto que influenciou o aumento da demanda por automóveis é o fato de que o consumidor com maior poder aquisitivo deixou de gastar dinheiro em restaurantes e parou de realizar viagens, especialmente as aéreas, mudando os hábitos de consumo.
Isso aumentou o interesse desse público por investir em automóveis, em especial os modelos SUVs, já que atendem bem às necessidades de quem utiliza o veículo em ambiente urbano, mas também oferecem conforto e segurança na estrada para uma viagem com a família.
Quais os números da inflação no mercado de veículos usados?
Segundo a Kelley Blue Book (KBB), entidade especializada na pesquisa e divulgação de preços de carros, a variação média dos preços de veículos entre 4 a 10 anos de uso, em 2021, chegou a 22,46%, um valor bem acima do índice oficial da inflação.
Um levantamento realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) também mostra que a relação entre inflação e o mercado automotivo pode ser ainda mais contundente, chegando a um aumento de mais de 34% em alguns modelos. E nem os carros populares escaparam da inflação!
De que forma a inflação afeta a compra de carros no futuro?
As previsões do mercado automotivo, ao menos para o ano de 2022, são mais otimistas. Em relação à inflação e à compra de carros, o que mais poderá afetar a relação de consumo é a alta da taxa de juros, o encarecimento dos financiamentos e a incidência de impostos.
Só que, na contramão desse cenário, algumas instituições financeiras têm facilitado o financiamento de carros usados, o que tem trazido fôlego para o comércio de veículos e atraído novos consumidores.
Entenda quais são as expectativas quanto à inflação
O Banco Central tem como meta uma inflação de 3,50% para 2022, 3,25% para 2023 e 3,00% para 2024, sendo que a margem de erro varia entre 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Claro que essa é a expectativa oficial, mas a sua concretização dependerá não só da taxa de juros, mas do cenário econômico mundial e político nacional, bem como da retomada da economia brasileira.
Apesar de a relação entre inflação e mercado automobilístico ser muito próxima, as perspectivas para os próximos meses são boas. Isso não só por causa das medidas tomadas pelo Banco Central para frear o processo inflacionário, mas também por causa da normalização da produção de componentes.
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